terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

SÓ CONTRATEMPO CONSEGUE CONTEMPLAR O CONTEMPORÂNEO

Naquela tarde, em que tudo era tão lindo, o ar atravessava as paredes dos pulmões e as cores faziam tanto sentido que me senti morrer, mas acordei ainda mais viva. Você já via o mundo pela primeira vez nos olhos que brilhavam um céu celestial, horizontal e a fala embaralhou desejos balbuciantes. Dedos frescos na pele, rastros de nervos-raízes: o cabelo vai pra trás da orelha até os olhos e dedos dormirem. - Fale um grande propósito pra vida. - Acho que grandeza é questão de comparação: a vida é boa; o mundo não. Não sei ainda o que é crescer, mas é um processo. Até lá, esperemos que as estrelas surjam: acne do céu - adolescência. Lembra? Quando meus olhos molhados olharam sua lingua lateral, literal, eu soube a sensação dos seu dentes dentro da boca. Eu só segurei a sua mão para atravessar rios agora, faço isso sozinha e a vista não é tão bonita sem a sua voz... O abraço à queima-roupa explodiu meus tímpanos em desenfreio, tentando dizer sem palavras o que me disse depois, faceiro: "Cê é a dose de conhaque que esquenta o peito".

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