quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

BATENTE


A porta ia fazer um estrondo.
Eu corri uma vida inteira
pra colocar os dedos entre
e sentir a dor do baque surdo.
- Cê devia ter deixado bater.

Tudo o que aprendi foi o contrário do que me ensinaram.
Ventania desafiando tapas;
hoje, me calariam –
querendo ser vento me tornei medo.
Você ama mulheres, mas nos acha loucas.
Ama a loucura
ou poder não escutar quando gritamos?
Pescoço de touro, enrijecido em frente,
só me procura atrás quando já desisti de esperar.
 Me encontre antes de eu ser outra.
nos cumprime
ntamos, o frio
de minha alian
ça tocando a au
sên cia da sua.
  - Quando acabar vai ser muito triste.
  Você não ousou discordar.

Presença não espeta
mas a ausência fica em nós
(um dia irei nos mesmos lugares
e estarei menos sozinha que antes).
Se esse vazio me desespera, não sei:
me projetei tantas vezes pela porta
que, partindo, não senti espera.
Talvez doer seja um hábito de mulher
e, disso, eu não abdico nunca.
                     - Que fim levarão nossas flores?
¡vai bater!
                     - Importa?
Tenho medo de um dia percebermos
que era tarde demais.

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