Espero o meio de maio pelo começo do ano
assim como espero os vinte pela minha vida.
Existem tantos ônibus, tantas vias;
como posso viver sem saber
todos os caminhos que percorrem minha cidade?
Tantos jornais, tantos sábados,
tanto desemprego;
como não conhecer a face do desespero?
Estou cansada de saber como as coisas são.
Será isso
o máximo que foi concedido
ao ser humano?
- Isso não vale a pena, eu dizia,
pensando qual era a pena
a ser sofrida
se fomos condenados à liberdade
em vida.
O Melhor Momento da História:
não adianta voltar em nostalgia,
nunca estará tão próxima a utopia
(a imagem se distorce
quando muito próxima do espelho
- preciso encará-la
com o pessimismo necessário).
Encaro-me, presa na boca do leão,
e tudo o que produzo é fruto dessa solidão
da escuridão antes de dormir -
me lembro de morrer
e chegar na conclusão
de que não é possível
que seja só isso
"não haverá mais acontecimentos;
seremos plenamente felizes"
cheiro revolução ao alcance das mãos
e não vou
somente vamos
porque há algo que não isso
que quero e não sou eu
(você)
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