quarta-feira, 22 de maio de 2019

REENCARNAÇÃO - DIÁLOGO

- Você acredita que há vida após a morte?
- Não.
- Cê respondeu rápido demais, pensa um pouco.

...

- Não.
(suspiro)
- Eu sempre tive essa certeza que não também. Mas sei lá, ontem, antes de dormir, me pareceu impossível. Tava tudo tão escuro e parecia que já tinha acontecido.
- Calma, o que é impossível.
- Morrer e só. Percebe? Tudo bem, concordo, é improvável que haja algo parecido com o que é, isso é apenas um desejo egocêntrico nosso. Mas olhe pra mim.
- Hm.
- E então agora, de repente, nada existe.
- Hm.
- Não parece impossível?! Melhor: não parece absurdo?
- Tão absurdo quanto o mundo existir antes de nós existirmos, mas isso não quer dizer que não é verdade. Tão absurdo quanto as primeiras amebas do universo dividirem o DNA para se reproduzirem.
- Mas você só está me ajudando com a minha tese: se essas coisas que por um triz não são mágicas existem, porque não existirá vida após a morte? Não exatamente reencarnação ou algo desse gênero. Mas se nosso cérebro é energia e se a energia não se cria nem se perde, apenas se transforma, então para onde ela vai?
- Sei lá, vira calor. Ou um som, mas aí teria que ser um som inaudível.
- Nossa... "A morte é um som inaudível". Pera aí, vou anotar essa frase.

...

- Se existem sons inaudíveis e cores invisíveis, é muita prepotência afirmar que além dessa vida que conhecemos não há nada.
- É muita prepotência afirmar que tem, também.
- Imagina só se toda a matéria negra no universo forem coisas mortas. E antes de existir vida, o universo era invisível.
- Cara, desde que você começou a fazer filosofia cê tá insuportável.

...

- É tão absurdo quanto um peixe fora d'água.
- Quê?
- A morte. É tão absurda quanto um peixe fora d'água.
- Mas um peixe fora d'água morre.
- Eu sei, por isso que é tão absurdo. Mais que absurdo: é impossível.

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