sábado, 2 de fevereiro de 2019

SAL

- É porque você fala sobre sentimentos.
- ele era alguém que usaria meus poemas como guardanapo –
É uma fragilidade forte,
mais perfeita que a perfeição.
Eu ouvia parada, como que pronta para matar um mosquito.
Ele me olhava com seu sorriso de concha.
- É brega – concluiu.

“Duas da manhã e ainda existe o mundo inteiro”

A água gélida ferveu a pele,
assim como o sangue debaixo dela.
- Vem!, suas mão chamaram lá do fundo.
Pisei em suas ondas:
todos os erros inevitáveis entre nós
e eu quis morrer de amor
(é tão inevitável morrer)
sem lhe matar.

Ele engoliu todo aquele mar,
se envenenando em homeopatia:
quanto mais diluído, mais forte.
Aguado, arranhava minha pele com o sal.
- Eu não vou falar contigo
até você aprender a chorar.
Havia reformado minha casa
com a água batendo no peito,
sabia como era estar encanada.

Toda poesia desceu pelo ralo.

Encantada com tantas estrelas,
eu estava bem nesse planeta
escutando uma canção de amor:
as estrelas não sabem o que é isso,
mas os átomos ao redor me entendiam.
O infinito que estava a minha frente existia dentro de mim.
Pensei: “vou escrever um poema, uma história”
mas há um problema nas histórias:
elas nunca têm um fim.
Mesmo que eu me torne infinita em palavras escritas
sempre haverá um resto
(a parte mais importante)
que será só meu.

Os azuis nunca serão os mesmos.

Depois do banho, antes de se enroscar nas roupas,
o bebê acha que faz parte do universo,
isso o angustia e ele chora.
Enquanto eu escrevo isso
as palavras vêm rápida à mente.
Esqueci a próxima frase




parei, pronta para um mergulho de gelar os órgãos.
Quis me mostrar forte
mas, estou aqui, escrevendo.

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