quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

CADÈRNO À TROIS

Tudo em mim está, em algum aspecto, deformado.
Quantas de mim há por ai?
Eu, que só sei o óbvio,
me sinto
(não) me encontro.
Se parar, para onde eu vou?

Quero sumir.
Quero ser legal com a minha mãe.
Quero ser pura a despeito de toda a maldade.
Quero ser criança de alma,
como eu ainda era não há muito.
Não sei o que mudou,
                                   ou quando; não sei.
Sei que, quanto mais olho para o espelho, menos vejo.
Me escuto gritando que sou mais Outro do que Eu.
Mas é claro que não pode ser assim:
apenas uma afirmação é real
- e ainda não a conhecemos.

É inútil,              é inútil.
              é inútil,
Mas não quero parar de escrever, pois me sinto só.
Ainda que fossem lamúrias sensíveis
                                                            (meu deus!)
ainda que fossem.

Queria ter amado muito esse ano.
Queria ter ido à terapia hoje.
Só descobri, mas continuo coberta de razão.
Há uma inalcançabilidade nas consciências individuais.
No fim, sei lá...
é muita impotência.

Minha letra tá muito feia,
muito fria.
Vocês conseguem me entender?

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