quarta-feira, 17 de outubro de 2018

EROS E CIVILIZAÇÃO

Acordei com a boca seca:
de tanto ranger os dentes
eles se transformaram em areia.
Me senti sozinha só com o sol na sala.
Com centralismo estomacal,
sumi da cabeça aos pés.

Minha dor é política:
a falta de prazer é a ferida
pois tudo o que toco vira ouro
ao invés de vida.

Eu me doo até ficar doída
e me chamam de doida e deprimida.
Carlos Drummond já dizia:
"doação ilimitada a uma completa ingratidão".
Às vezes falta um retorno:
o eterno retorno.
Como viverei num mundo onde não posso existir?

"Eu não posso resolver o mundo"
ouvi detrás do divã.
- Então talvez não resolveremos nada. -

suspirei.

- Às vezes falta um carinho.


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