sábado, 20 de janeiro de 2018

NINGUÉM TE PERGUNTOU NADA


Expulsa nesse mundo como uma granada
nasci e existi no mesmo momento.
Me registraram sem de mim saber nada
e em segundos já haviam tormentos
falando que não lavei a louça,
que na bolsa tinha maconha,
“O que você quer da vida?
Seja mais do que uma simples ferida,
que um simples fardo.
Levante,
tente,
não canse!
Dessa vez pule um pouco mais alto”.

Não pulei.
Gritei
ou grunhi:
não quero mais ir;
não quero mais vir;
não quero mais ver;
tampe meus olhos e me deixe morrer!

Não deixaram.
Me cutucam e me mostram o outro lado,
uma saída:
deixe de conversa fiada,
se apropria de sua vida!
Expulsa esse mundo como uma granada
e explode com ele essa melancolia.

E sossegue,
peço que evite olheiras:
não se precisa de muita veemência,

viver é um ato de resistência.


16/02/2016

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