Tu me disseste
que eu não era a culpada
por todas as coisas más do mundo,
mas achas isso
pois não carregas o começo do universo
no ventre
e o fim dele entre tuas pernas.
Escorria veneno e sangue.
O nó da garganta
estrangulava a tireoide
assim como o nó das raízes
que tuas palavras formavam
estrangulavam minha serotonina.
"A dor é feminina,
mas não deveria":
eu repetia isso
enquanto tu me comias pelos olhos,
me mastigando com os cílios
que há pouco me beijavam.
Me deitei na mesma cama
que todas as tuas lembranças dormiam
e o abismo que nos separava
era do tamanho de todos os dedos,
carinhosos, medrosos e teimosos,
que tu vinhas pra cima de mim.
Acordei arroxeada
de socos que não marcaram só a pele,
mas os músculos
que beijarão outras bocas
e não sentirão mais nada.
Caramba, minha filha... Muito bom!
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