Naquela tarde, em que tudo era tão lindo,
o ar atravessava as paredes dos pulmões
e as cores faziam tanto sentido
que me senti morrer,
mas acordei ainda mais viva.
Você já via o mundo pela primeira vez
nos olhos que brilhavam um céu celestial, horizontal
e a fala embaralhou desejos balbuciantes.
Dedos frescos na pele, rastros de nervos-raízes:
o cabelo vai pra trás da orelha
até os olhos e dedos dormirem.
- Fale um grande propósito pra vida.
- Acho que grandeza é questão de comparação:
a vida é boa; o mundo não.
Não sei ainda o que é crescer, mas é um processo.
Até lá, esperemos que as estrelas surjam:
acne do céu - adolescência.
Lembra?
Quando meus olhos molhados olharam
sua lingua lateral, literal,
eu soube a sensação dos seu dentes dentro da boca.
Eu só segurei a sua mão para atravessar rios
agora, faço isso sozinha
e a vista não é tão bonita
sem a sua voz...
O abraço à queima-roupa explodiu meus tímpanos
em desenfreio, tentando dizer sem palavras
o que me disse depois, faceiro:
"Cê é a dose de conhaque que esquenta o peito".