sexta-feira, 28 de outubro de 2016

ANSI

A mão treme
O cabelo voa
O cigarro queima
A mensagem não responde
O estômago tem o clima desértico
Frio
Sem catuaba
Sem cachacinha
Sem cerveja, mesmo que
Quente
Bochechas
Coradas e espremidas
Num sorriso que não era pra existir
Deve ser a ansi
E(i)dade

23/10/2015

OBS: NÃO COLOQUEI TEU NOME PORQUE ELE NÃO RIMA COM NADA

Depois de 6 meses juntos,
você nos abandonou
numa quinta gelada do mês de maio,
na esquina da Sergipe
com a Consolação.
Eu tinha uma garrafa de 51 na mão:
metade tava no meu estômago,
metade tava em forma de gorfo
para compensar
minha falta de coração.
E ainda do meu lado
me restava, deitado meio virado,
seu fantasma
que não deixava eu ouvir meu próprio choro
por causa da respiração.
Agora ele me acompanha para onde quer que eu vá.
Você me abandonou, Isadora,
porque quando você levantou e foi embora
me deixou uma parte sua que só chora
e espera que eu faça
tudo por ela:
escove teus dentes,
dê teu banho,
tire aquele dread que tá no teu cabelo a mais de um ano.
Mas eu não quero, Isa,
assim não dá mais!
Me deixa logo,
que saco!
Aí eu vejo logo se saio
dessa agonia
de conviver com alguém
mas não ter tua companhia.

12/05/2015

terça-feira, 11 de outubro de 2016

CICATRIZES

Não é nada saudável
se machucar
num momento nada instável
mentalmente e emocional
mente
é uma coisa complicada.
Noite passada
eu percebi
há quanto tempo não percebo
as coisas que se passam
no meu cérebro e cerebelo.
A melanco-
lia minhas entre-linhas
e não havia linha
que desfizesse
o nó da minha garganta;
não havia linha que costurasse
as minhas entranhas;
não havia mertiolate que curasse
os tropeços de minhas façanhas.
mesmo uma mudança
pra me deixar mais calma.
Pois a dor é um corte na alma
que arde e não alivia,
parece mais com uma estria
que nos permite crescer.

domingo, 9 de outubro de 2016

FIM DE FESTA

Chovia e você
não sorria,
o azul do céu escorria
na sua bochecha esquerda.
Semanas já fazia
e você nem sabia
mais
o que era um dia
- ou uma manhã -
que se anda até a escola
acompanhada de uma companhia.

- Eu não entendo. -

arrastou.
- O quê?
Ninguém sabia.
- Não compreendo. -
poetizou.
- O quê?
Não me dizia.
- Eu não aguento! -
confessou.
- Mas me diga menina!
Me diga:
o quê?
De onde vem toda essa agonia?
Por fim me falou:
- O porque da gente sofrer tanto...

- Engraçado -

respondi -
já eu
não entendo,
não compreendo,
não aguento
o porque a gente tenta
tanto tanto
não sofrer.

12/11/2015