segunda-feira, 7 de novembro de 2016

COTIDIANO

Luiza
tira os sapatos do chão
bota nos seus pés
se deixa andar.
A vida segue, Luiza,
e você ai deitada,
e a roupa se acumulando
em cima da casinha
que você brincava com
quando criança.
A rima some, Luiza,
nenhum talento é nato.
As coisas vem porque você quer,
porque você foi atrás,
porque você quis,
porque você é capaz.
Ninguém ganha o mundo
vendo netflix sexta-feira a noite
(não se for o mesmo filme
que você ve desde o começo do ano).
A vida não é video game,
Luiza,
não tem botão de restart:
as dificuldades se acumulam sobre o corpo
e você tem que movimenta-lo do mesmo jeito.
A vida segue,
e você acompanha mesmo que arrastada,
mesmo que não queira.
Então arruma esse quarto, Luiza,
começa por algo fácil.
Não deita de novo na cama.
Luiza, por favor!

Sao apenas uma(s) da(s) tarde(s).